A ciência confirma: jogos de tabuleiro são o melhor presente

Isso porque unem autonomia, interação social e benefícios cognitivos, segundo análise científica.
Jogos de tabuleiro presente

Em um artigo publicado na revista Galileu o psiquiatra Daniel Martins de Barros, professor colaborador do Departamento de Psiquiatria da USP, defendeu que jogos de tabuleiro são o melhor presente.

De acordo com ele, estudos feitos nos Estados Unidos e no Reino Unido estimam que mais de meio bilhão de reais sejam gastos anualmente em itens que ninguém deseja receber.

Entre lembranças protocolares, objetos de decoração sem utilidade e acessórios sem propósito, muito dinheiro termina em produtos que não despertam interesse nem afeto.

Diante disso, pesquisadores buscam entender se existe um tipo de presente capaz de agradar diferentes perfis.

A resposta, segundo especialistas em comportamento humano, parece apontar para os jogos de tabuleiro.

Eles unem simplicidade, interação e estímulo cognitivo, características que atendem a necessidades universais.

Jogos de tabuleiro são o melhor presente

Jogos de tabuleiro

Segundo argumenta Daniel Martins de Barros, a Teoria da Autodeterminação, proposta nos anos 1970, ajuda a explicar por que esses jogos funcionam tão bem.

O modelo descreve três necessidades psicológicas básicas: autonomia, competência e relacionamento. Todas elas aparecem com clareza durante uma partida.

‘Jogos ativam as três dimensões essenciais da motivação humana. Eles estimulam escolhas, desenvolvem habilidades e criam vínculo entre as pessoas’, afirma o psiquiatra.

Esse conjunto de fatores explica por que a ludicidade, frequentemente tratada como mera diversão, se mostra muito mais profunda.

O ato de jogar desperta motivação intrínseca, aquela vontade espontânea de realizar uma atividade porque ela é prazerosa por si só.

E, segundo o analista, isso tem efeitos diretos na satisfação emocional.

‘Quando escolhemos jogar, acionamos mecanismos de prazer que não dependem de recompensas externas. É por isso que jogos costumam agradar mesmo quem não se considera ‘jogador’’, diz Barros.

A variedade atual do mercado reforça o potencial dos jogos de tabuleiro como presente.

Títulos como Similo, por exemplo, estimulam reconhecimento de padrões e leitura de comportamento enquanto divertem grupos de até oito pessoas.

Em Panda Royale, os participantes usam dados para decidir entre riscos, retornos médios ou ações que afetam outros jogadores, revelando traços de personalidade em cada escolha.

Jogos de tabuleiro ‘simulam’ a vida

Para quem prefere temas científicos, Os Gatos de Schrödinger coloca o grupo em uma disputa de dedução e blefe inspirada no paradoxo quântico.

Já em Setup, a estratégia ganha destaque, exigindo combinações de peças em múltiplas direções ao mesmo tempo.

Há também produções baseadas no popular mecanismo ‘roll and write’, como Cidade Motor, que transforma decisões de fábrica em pontuação estratégica.

A diversidade chega até ao clima natalino com Ghost of Christmas, jogo que recria três linhas do tempo do clássico de Dickens e testa decisões simultâneas entre passado, presente e futuro.

Em todos os casos, a mecânica estimula atenção, planejamento e interação, ingredientes que favorecem encontros mais significativos.

Em um mercado que apresentou mais de mil lançamentos apenas na última feira internacional da Alemanha, a oferta parece inesgotável.

Assim, os especialistas defendem que jogos se destacam não apenas pela diversão, mas pela capacidade de conectar pessoas de maneira genuína.

‘Eles reúnem autonomia, competência e relacionamento em um único pacote. Isso os torna o presente mais completo que podemos oferecer’, conclui Barros.

10 jogos de tabuleiro

Os jogos de tabuleiro vivem um novo momento de popularidade, mesmo em uma sociedade dominada por telas.

A busca por interação real, contato humano e experiências táteis faz muitas pessoas redescobrirem o prazer de reunir amigos e família em torno de uma mesa.

Clássicos como Catan, Ticket to Ride e Pandemic continuam atraindo jogadores, enquanto títulos modernos, como Gloomhaven, Terra Mystica e Wingspan, ampliam o público graças à combinação de estratégia, estética e acessibilidade.

A seleção do GamesHub reúne dez jogos que representam diferentes estilos, competitivos, cooperativos, estratégicos e narrativos, mostrando como o hobby evoluiu e passou a oferecer diversão profunda, variada e imersiva.

Além de promoverem lógica, planejamento e criatividade, esses jogos fortalecem vínculos sociais e convidam as pessoas a se desconectar do digital.

Cássio Gusson é jornalista especializado em games, economia digital, fintechs e criptomoedas. Atua no CriptoFácil, CryptoNews e Cointelegraph Brasil. Colaborou com veículos de tecnologia e finanças, sempre abordando os impactos da inovação no mercado. Com mais de uma década de experiência em jornalismo, construiu sua carreira cobrindo temas como blockchain, ativos digitais, tokenização e o ecossistema de startups, tornando-se uma das vozes de referência no setor no Brasil.