A Ubisoft teria cancelado o projeto de um novo Assassin’s Creed que iria se passar nos Estados Unidos durante a Guerra Civil, também conhecida como Guerra da Secessão.
A notícia foi publicada pelo site Game File, que deu detalhes sobre como seria o jogo. A ideia era que o jogador assumisse o papel de um homem negro escravizado no Sul dos EUA, que se mudaria para o Oeste para fugir da vida de escravo.
Este personagem seria recrutado pelo Credo dos Assassinos e enfrentaria a recém-criada organização racista Ku Klux Klan.
A justificativa para o cancelamento seria a situação de alta polarização política dos EUA atuais. Ainda conforme a notícia, as críticas que a Ubisoft recebeu pela inclusão do samurai negro Yasuke em Assassin’s Creed: Shadows, contribuíram para a decisão.
De acordo com o site, a informação partiu de entrevistas com cinco atuais e ex-funcionários da Ubisoft, que pediram para não serem identificados.
‘Muito político em um país muito instável, para resumir’, teria dito uma das fontes.
A polêmica de Yasuke
O último jogo da franquia Assassin’s Creed foi Assassin’s Creed: Shadows, um game que coloca o jogador na pele de dois personagens. Um é o samurai Yasuke e o outro é a ninja Naoe.

Yasuke é baseado na famosa história do lendário samurai negro. No século XVI, um homem alto de origem africana teria chegado ao então isolado Japão durante o período das guerras civis chamado Sengoku.
Este homem africano chegou ao país asiático com um jesuíta italiano chamado Alessandro Valignano e acabou indo trabalhar para o senhor feudal Oda Nobunaga. Sob o comando deste, ele se tornou um dos raríssimos estrangeiros a receber o status de guerreiro samurai.
Quando a Ubisoft revelou os primeiros trailers de Assassin’s Creed: Shadows, houve uma grande comoção nas redes sociais. Alguns jogadores acusaram a empresa de promover uma ‘agenda woke’ ao colocar um personagem negro como protagonista em um jogo que se passa no Japão feudal.
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Foi comum nas discussões no X (Twitter), Instagram e Reddit que questionassem a existência de Yasuke enquanto samurai. Isso apesar do historiador Thomas Lockey, autor de um livro sobre o espadachim negro, afirmar que o africano foi sim um samurai.
Outros usuários questionaram as críticas surgirem agora, ao passo que diversas outras liberdades poéticas tomadas pelo jogo ao longo dos anos foram basicamente ignoradas.
Aversão a risco
As fontes do Game File disseram que a Ubisoft se tornou uma empresa cada vez mais avessa ao risco.
‘Eles estão tomando cada vez mais decisões para manter o status quo político e não assumem nenhuma posição, nenhum risco, mesmo criativo’, teria dito uma das pessoas ouvidas.
A notícia reverberou pela imprensa especializada de games, como evidenciado por esse post do site Kotaku.
No passado, a saga Assassin’s Creed abordou a história da escravidão negra em seus jogos. Assassin’s Creed: Liberation, colocou os jogadores na pele de Aveline de Grandpré, uma mulher negra da Louisiana que, entre outras coisas, luta pela liberdade dos escravos.
O jogo conta, inclusive, com uma interessante mecânica de disfarces em que Aveline pode se misturar entre escravos, agir como uma ‘senhora’ dona de negócios ou enfrentar seus inimigos como assassina.
Já em Assassin’s Creed: Freedom Cry, o protagonista é Adéwalé, um personagem negro que já havia aparecido em Assassin’s Creed IV: Black Flag. Adéwalé se junta a um grupo de escravos libertos para sequestrar um navio e interromper o tráfico de escravos.
Clima piorou nos EUA
Desde 2024, quando teria ocorrido o cancelamento, o clima de polarização política só se agravou nos EUA.
Em setembro, o ativista conservador de direita Charlie Kirk foi morto durante evento em uma universidade nos EUA. O caso evidenciou o clima de violência política no país. Depois disso, o presidente Donald Trump chegou a classificar o movimento antifascista como uma organização terrorista.
Apesar das polêmicas, Assassin’s Creed: Shadows foi jogado por mais de 5 milhões de pessoas, de acordo com o balanço da Ubisoft relativo ao primeiro trimestre fiscal. O número é considerado em linha com as expectativas pela direção da empresa.
O Gameshub tentou contato com a assessoria de imprensa da Ubisoft para confirmar a notícia, mas a empresa não havia se pronunciado até o fechamento desta reportagem.
