A história dos arcades mostra como eles marcaram uma geração de jogadores e se consolidaram como um dos maiores símbolos da cultura dos videogames.
Eles funcionaram como espaços de encontro, troca de experiências e formação de comunidades em torno do ato de jogar.
A trajetória dessas máquinas coloridas e barulhentas ajuda a entender o desenvolvimento da indústria dos games e a forma como os jogadores passaram a se relacionar socialmente por meio do universo digital.
O início dessa história está nos anos 1970, quando jogos como Pong e Space Invaders transformaram o conceito de diversão eletrônica em fenômeno popular.
Com controles simples e gráficos rudimentares, essas máquinas atraíram milhões de pessoas para bares, fliperamas e shoppings.
Pela primeira vez, adolescentes e adultos se reuniam em torno de telas para competir em tempo real, inaugurando um modelo de socialização baseado no desafio compartilhado.
História dos arcades: os anos 1980

Nos anos 1980, os arcades alcançaram o auge. Títulos como Pac-Man, Donkey Kong e Street Fighter II criaram filas em salões lotados.
Cada partida custava poucas moedas, mas a experiência oferecida era inédita: todos os jogadores tinham a chance de mostrar habilidade diante de uma plateia.
Os fliperamas se tornaram pontos de encontro regulares, especialmente para jovens que buscavam lazer acessível fora de casa.
Era nesse ambiente que amizades nasciam, rivalidades se fortaleciam e comunidades se formavam em torno de campeonatos improvisados.
A estética dos arcades também teve papel central na história.
Sons eletrônicos altos, luzes piscando e cores vibrantes criavam uma atmosfera envolvente que favorecia a permanência prolongada dos jogadores.
Essa ambientação gerava um senso de pertencimento e estimulava a criação de grupos fixos que se encontravam semanalmente.
Muitos relatos de época mostram que jovens passavam horas observando uns aos outros jogar antes de arriscar sua própria ficha.
Assim, o aprendizado coletivo e a socialização eram parte essencial da experiência.
De jogos a competições
Além da diversão, os arcades estimularam o surgimento da competição organizada. Jogos de luta e corrida foram responsáveis por introduzir a lógica dos rankings, das pontuações exibidas em tela e da busca pelo recorde local.
Esse modelo serviu de inspiração para campeonatos maiores, que surgiram ainda no final dos anos 1980, em que jogadores viajavam para participar de torneios.
A ideia de competir não apenas contra amigos, mas contra desconhecidos, fortaleceu o espírito comunitário que hoje é visto em esportes eletrônicos.
No Brasil, os arcades se popularizaram principalmente nos anos 1990. Fliperamas em shoppings e galerias atraíam jovens que, muitas vezes, economizavam mesada para garantir algumas fichas.

Jogos como Mortal Kombat, The King of Fighters e Metal Slug marcaram presença em locais de encontro e se tornaram símbolos de socialização urbana.
Muitos adolescentes frequentavam esses espaços não apenas para jogar, mas também para assistir, conversar e trocar dicas com amigos.
Com a chegada dos consoles domésticos mais potentes, os arcades começaram a perder força. Ainda assim, a memória coletiva construída nesses ambientes se manteve viva.
Para muitos jogadores, a ida ao fliperama foi a primeira experiência de comunidade gamer, em que o ato de jogar estava diretamente ligado ao convívio social.
Essa característica diferenciava os arcades dos videogames caseiros, muitas vezes jogados de forma individualizada.
Curiosidades da história dos arcades

Uma das primeiras curiosidades do universo dos arcades está ligada ao jogo Space Invaders, lançado em 1978.
No Japão, o sucesso foi tão grande que provocou escassez de moedas. Milhares de jovens passavam horas jogando, e os fliperamas lotavam diariamente.
O impacto foi tão intenso que até o governo japonês precisou intervir para aumentar a produção de moedas e atender à demanda.
Outro dado curioso envolve o clássico Pac-Man. Criado em 1980 por Toru Iwatani, o jogo conquistou o mundo com um conceito simples: comer pontos e evitar fantasmas.
Pac-Man foi o primeiro ícone global dos videogames e inspirou uma infinidade de produtos licenciados, de camisetas a desenhos animados.
Estima-se que o título arrecadou bilhões de dólares em fichas, tornando-se uma das máquinas mais rentáveis da história.
Já o jogo Street Fighter II, lançado em 1991, mudou completamente a forma de competir nos arcades. Ele popularizou os comandos especiais e os torneios locais.
Foi também o primeiro a introduzir um sistema de duelos diretos entre jogadores, o que intensificou rivalidades e fortaleceu a ideia de comunidade.
Curiosamente, o termo ‘high score’ ganhou popularidade graças aos arcades. A possibilidade de registrar iniciais na máquina após bater recordes transformava cada partida em uma disputa pessoal por status.
Muitos jogadores visitavam fliperamas apenas para tentar superar os nomes que lideravam a lista de pontuações. Essa prática inspirou a lógica de rankings online vista nos jogos modernos.
Arcades inspirando a cultura
Outro aspecto curioso é que os arcades foram pioneiros na mistura entre cultura pop e videogames.
Filmes, desenhos e quadrinhos inspiraram máquinas de sucesso, como Teenage Mutant Ninja Turtles e The Simpsons Arcade Game.
Essa integração antecipou a tendência atual de crossovers, em que personagens transitam entre diferentes mídias.
Além disso, o universo dos arcades inspirou diversos filmes e séries que buscaram retratar a estética vibrante e a cultura dos fliperamas.
Um dos exemplos é o longa ‘Tron’ (1982), que mergulhou o público em um mundo digital influenciado pelo imaginário das máquinas de arcade.
Décadas depois, produções como ‘Pixels’ (2015) e ‘Detona Ralph’ (2012) revisitaram personagens clássicos como Pac-Man e Donkey Kong, trazendo-os de volta ao cinema.
No campo das séries, títulos como ‘Stranger Things’ fizeram referência direta aos fliperamas como espaços de socialização da juventude nos anos 1980.
Em várias temporadas, os personagens frequentam salões de arcade, reforçando a ideia de que esses locais eram pontos de encontro e lazer.
Impacto na estética e cultura
Além disso, os fliperamas introduziram experiências que até hoje surpreendem. Máquinas como Dance Dance Revolution, lançada em 1998, transformaram o ato de jogar em atividade física.
O jogador precisava dançar sobre uma plataforma, seguindo os comandos exibidos na tela. Esse tipo de inovação ajudou a diversificar o público dos arcades, atraindo pessoas que não tinham interesse em jogos tradicionais.
Os arcades também serviram de campo de testes para novas tecnologias. Muitos sistemas de som estéreo, gráficos 3D e controles diferenciados estrearam primeiro em fliperamas antes de chegarem aos consoles domésticos.
A ideia era oferecer uma experiência superior à que se podia ter em casa, justificando a ida aos salões.
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