Assim como a construção da história do mercado gamer, o futuro da indústria e da cultura gamer será definido por três forças que se entrelaçam.
São elas: a consolidação dos jogos como infraestrutura cultural de massa, a expansão para economias digitais (NFTs, play‑to‑earn, metaversos e UGC) e a institucionalização global do ecossistema por governos, federações e grandes fundos.
Depois de um 2024 de ajuste, com receita mundial estimada em US$ 177,9 bilhões, os sinais para 2025 voltam a apontar crescimento.
Por exemplo, a Newzoo projeta receita de US$ 188,9 bilhões, sustentada por mobile em alta, catálogo forte em consoles/PC e ofertas por assinatura que reativam o consumo.
Quer saber quais as melhores casas de apostas em eSports? Gameshub tem um guia sobre o tema.
Plano imersivo vai definir futuro da cultura gamer
No plano imersivo, VR/AR voltam a acelerar, não apenas como gadgets, mas como uma camada de sociabilidade para jogos, fitness, simulação e eventos in‑game.
Segundo a IDC (International Data Corporation), as remessas globais de headsets cresceram 10% em 2024. Ou seja, indicam um fim do ciclo de retração e preparam terreno para experiências mais sociais e persistentes.
Tendência, aliás, que conversa diretamente com a visão de metaversos para jogos (game‑centric metaverse). Afinal, jogar, assistir a shows e “se vestir” digitalmente fazem parte do mesmo rito cultural.
Dentro desse futuro, os NFTs e os jogos play‑to‑earn passam por uma fase mais realista. O ápice especulativo de 2021–22 ficou para trás, mas os fundamentos — propriedade digital, interoperabilidade e mercados secundários — seguem evoluindo.
Projeções de mercado indicam um salto do segmento Web3 gaming nesta década. Em resumo, relatórios apontam uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) acima de 20% para jogos baseados em NFT entre 2025–2032.
Ademais, indicam um mercado de NFTs em jogos de US$ 4,8 bilhões em 2024 com crescimento anual próximo de 25% na próxima década.
Leia também o primeiro artigo desta serie – Cultura gamer – O que é e por que não para de crescer.
Ethos cypherpunk segue firme
A estética e o ethos cypherpunk — criptografia, privacidade, descentralização (DeFi) e desconfiança criativa do status quo — continuarão a inspirar nichos de design e comunidades de modders, speedrunners e builders Web3.
Esse imaginário não é só visual (capas, neons, máscaras), mas sobretudo funcional. Afinal, falamos de protocolos on‑chain para itens, identidades portáteis, servidores comunitários e governança token‑gated.
À medida que estúdios incorporam IA generativa para NPCs e ferramentas de criação, veremos mundos que se autorregulam com regras transparentes e economias programáveis. Ou seja, empurrando a cultura gamer ainda mais para o território onde jogar = criar.
Olympic Esports Games e planos ambiciosos da Arábia Saudita
No tabuleiro geopolítico, nações‑plataforma entram de cabeça. A Arábia Saudita consolidou um plano público para se tornar hub global de jogos e eSports por meio da Savvy Games Group, com investimentos de ~US$ 38 bilhões até 2030.
Tudo faz parte do chamado plano Visão 2030, combinando aquisições, eventos tier‑1 e estímulos a desenvolvedores locais.
Ao mesmo tempo, o país assumiu protagonismo na agenda olímpica dos eSports. O COI (Comitê Olímpico Internacional) anunciou, em julho de 2024, um acordo para realizar os Olympic Esports Games no reino.
Em fevereiro de 2025, atualizou o cronograma para estreia em 2027, em Riad, mantendo a parceria. Na prática, é um selo de legitimidade institucional para o competitivo digital — separado dos Jogos Olímpicos tradicionais, mas com chancela e calendário próprios.
Enquanto isso, a Esports World Cup (EWC), sediada em Riad, opera como ‘Davos’ do competitivo. Um circuito multi‑títulos que, este ano ocorreu de 8 de julho a 24 de agosto.
Na ocasião, o purse total ficou na casa dos US$ 70 milhões, somando torneios e campeonato de clubes.
Sem dúvida, uma vitrine para a stack de patrocínios, turismo e merch que a cultura gamer hoje aciona.
Um mundo de multiversos que se unem
O desenho que emerge para os próximos anos é claro. Modelos de negócio convergem para assinaturas, battle passes e bundles multiplataforma.
Infraestruturas como cloud gaming e cross‑save tornam o ‘onde jogar’ irrelevante. Ferramentas de criação (de mods a UGC in‑game) transformam jogadores em coprodutores.
Ademais, eventos presenciais — de convenções a finais de eSports — seguem puxando viagens, hotelaria e varejo local.
Em resumo, para a cultura permanece o essencial: jogar continua sendo a linguagem comum. No entanto, agora expandida por ativos digitais, por uma estética que mistura cypherpunk, memes, animes, heróis e vilões….
Tudo em uma entropia de interações; um mundo de multiversos que se unem.
Leia mais este artigo desta série – Dos fliperamas a consoles de bolso, como a cultura gamer molda o mercado consumidor.