IA ‘não é tão útil’ para games, diz ex-líder da Rockstar

Para Dan Houser, a inteligência artificial ainda está longe de ser algo disruptivo na indústria dos jogos.
Dan Houser Rockstar

Dan Houser, cofundador da Rockstar Games, acredita que a inteligência artificial (IA) ainda está longe de ser algo disruptivo na indústria dos jogos.

O desenvolvedor, que foi um dos responsáveis por grandes franquias como Grand Theft Auto (GTA) e Red Dead Redemption falou sobre o tema durante entrevista ao Sunday Brunch, no Channel 4, enquanto divulgava seu novo projeto, A Better Paradise.

Cofundador da Rockstar diz que IA não resolve problemas criativos

Dan Houser afirmou que está utilizando IA em seu novo estúdio, Absurd Ventures, mas reforçou que a tecnologia ainda não entrega o impacto anunciado por algumas empresas.

Em certos casos, a IA cumpre bem tarefas técnicas e repetitivas. Porém, quando a criação exige nuance, intenção artística ou adaptação narrativa, a ferramenta se mostra limitada, em sua visão.

O desenvolvedor explicou que o setor vem tratando a IA como um termo amplo para qualquer avanço tecnológico. Para ele, isso cria expectativas irreais e reduz discussões importantes sobre o que realmente funciona no processo de produção.

Houser acredita que parte do entusiasmo atual não surge da inovação, mas sim de interesses financeiros e estratégias de marketing.

Mesmo assim, ele não adota uma postura pessimista. O ex-Rockstar reconhece o potencial da tecnologia e acredita que ela pode apoiar equipes de forma complementar.

A preocupação, porém, está na forma como algumas companhias encaram o recurso, sendo usado como desculpa para cortar custos ou acelerar prazos, ignorando impacto artístico e humano. Para ele, decisões guiadas apenas pelo lucro podem prejudicar a criatividade dos estúdios no longo prazo.

Sobre o tema, o executivo lembrou que a indústria sempre conviveu com a tensão entre ambição narrativa e exigências comerciais.

Segundo Houser, o futuro pode dividir o setor em dois caminhos: jogos centrados em inovação artística e projetos guiados por metas de retorno financeiro. Ambos, na sua visão, podem coexistir, se houver equilíbrio.

Criador alerta para avanço desigual da IA e destaca desafios

Durante a entrevista, Houser comentou que a IA impressiona em algumas tarefas, mas não consegue lidar com as partes mais complexas do desenvolvimento.

Com a experiência de quem fundou, em 1988 em Nova York, a Rockstar Games, Houser citou que os primeiros avanços tecnológicos costumam ser rápidos. No entanto, os últimos detalhes são muito difíceis de serem feitos com a tecnologia.

O criador afirmou que máquinas conseguem simular comportamentos, criar diálogos ou gerar variações rápidas de conteúdo.

Porém, quando é necessário alcançar profundidade dramática, coerência narrativa ou estética refinada, a IA ainda não chega perto da sensibilidade humana.

Esse é, segundo ele, o maior desafio atual. Houser também comentou que parte do mercado vende a IA como motor revolucionário, mesmo quando ela realiza processos que computadores já fazem há anos. Para o desenvolvedor, isso alimenta um discurso inflado e deslocado da realidade.

Suposta desavença familiar como motivo de saída da Rockstar

Além das discussões sobre IA, o nome de Dan Houser voltou aos holofotes por outro motivo. O insider Tez2, figura conhecida na comunidade de GTA, afirmou que a saída do desenvolvedor da Rockstar em 2020 teria sido motivada por um desentendimento com seu irmão, Sam.

Segundo o leaker, dois ex-desenvolvedores relataram conflitos internos sobre a direção da companhia. A versão sugeriria um desgaste familiar mais profundo do que se imaginava.

Tez2 afirmou ainda que fatores como condições de trabalho não teriam sido determinantes, contradizendo teorias anteriores.

Apesar de revelador, é preciso dizer que as informações do leaker devem ser consideradas apenas rumores até o momento, visto que não Dan e Sam não se pronunciaram sobre o tema.

Nesse sentido, dificilmente todos os detalhes serão revelados. Ainda assim, o relato reforça a percepção de que a saída de Dan Houser pode ter sido mais complexa do que as explicações públicas indicavam.

Anderson Mendes é jornalista e escritor há cinco anos, com forte atuação no universo dos jogos e da tecnologia. Entusiasta apaixonado pelo mundo gamer, acompanha tendências, analisa lançamentos e produz conteúdos para os interessados no setor.