O que esperar de Pokémon Legends: Z-A?

O jogo é mais do que apenas o próximo capítulo da série — é uma tentativa de reinventar a fórmula.

A franquia Pokémon, que já ultrapassou 25 anos de história, prepara-se para um salto ousado com o lançamento de Pokémon Legends: Z-A, marcado para 16 de outubro.

Desenvolvido pela Game Freak e distribuído pela Nintendo, o título chegará simultaneamente ao Nintendo Switch e ao aguardado Switch 2, inaugurando uma fase que promete redefinir as bases da série com mudanças significativas em jogabilidade, narrativa e ambientação.

O jogo foi oficialmente apresentado como sucessor espiritual de Pokémon Legends: Arceus, mas ao contrário do cenário bucólico e histórico de Hisui, Z-A leva os jogadores ao coração da metrópole mais icônica da sexta geração: Lumiose City, na região de Kalos.

Inspirada em Paris, a cidade surge como palco de batalhas, missões e experimentação narrativa, oferecendo um ambiente urbano vivo, dinâmico e carregado de simbolismo.

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Combate em tempo real: a ruptura definitiva com o modelo clássico

A mudança mais impactante está no sistema de combate. Pela primeira vez em um título principal da franquia de games, as batalhas deixam de ser totalmente baseadas em turnos e passam a adotar um modelo em tempo real, inspirado no sistema de Active-Time Battle (ATB).

O jogador poderá movimentar seu treinador durante os embates, posicionar melhor seus Pokémon, esquivar-se de ataques e trocar de criaturas sem depender apenas de menus.

Cada movimento terá cooldowns específicos, obrigando a pensar em tática, tempo e posicionamento, aproximando o jogo de RPGs de ação contemporâneos.

Essa mudança é interpretada como resposta direta às críticas que a franquia recebeu nos últimos anos por manter um formato de combate considerado ‘engessado’ diante da evolução da indústria. Em Z-A, a Game Freak aposta em dar ao jogador maior sensação de agência e dinamismo, algo que pode atrair tanto veteranos quanto novatos.

O ciclo urbano: dia, noite e o modo Z-A Royale

A ambientação urbana não é apenas estética. Pokémon Legends: Z-A apresenta um ciclo duplo de gameplay. De dia, o jogador explora Lumiose City em missões narrativas e sidequests. É nesse período que surgem os Pokémon Alpha, versões superdimensionadas e agressivas que funcionam como mini-bosses espalhados pelas ruas, parques e arranha-céus da cidade.

Já à noite, entra em cena o modo Z-A Royale, um sistema competitivo ranqueado em que treinadores disputam posições que vão da letra Z até a A. Aqui, o foco é o combate entre humanos, com recompensas crescentes e progressão que mistura prestígio e itens raros.

Portanto, essa alternância de ritmos adiciona profundidade ao mundo e reforça a ideia de que Lumiose City é uma entidade viva, que muda radicalmente entre manhã e madrugada.

Mega-Evoluções de volta e mais sombrias do que nunca

Outro ponto central é o retorno das Mega-Evoluções, ausentes nos últimos jogos principais. Em Z-A, o recurso ganha uma camada dramática: além das transformações usuais, surgem os chamados Rogue Mega-Evolved Pokémon. Ou seja, criaturas que alcançam formas megaevoluídas sem controle de treinadores.

Esses encontros funcionam como chefes urbanos, espalhados em prédios abandonados, metrôs e até praças públicas. Entre as formas já confirmadas estão:

  • Mega Dragonite, redesenhado com proporções titânicas e detalhes aerodinâmicos.
  • Mega Victreebel, transformado em uma criatura grotesca que expele ácido doce, lembrando cenas de terror.

A mecânica promete criar batalhas memoráveis e explorar o potencial narrativo da Mega-Evolução não apenas como ferramenta de poder, mas como ameaça.

O que esperar de Pokémon: Legends: Z-A?
(Imagem: Pokémon: Legends: Z-A)

Comparação com Pokémon Legends: Arceus

Em 2022, Pokémon Legends: Arceus foi saudado como revolução parcial: trouxe mundo semiaberto, captura mais dinâmica e ritmo mais solto. Porém, ainda mantinha o esqueleto do combate em turnos.

Z-A pega essa base e a leva adiante, substituindo turnos por ação direta e trocando a natureza selvagem de Hisui por uma cidade densa e moderna.

O contraste é nítido. Enquanto Arceus explorava o passado da franquia, Z-A olha para o futuro, com estética urbana, tecnologia e crítica social.

É como se a Game Freak tivesse testado terreno em Arceus para agora dar o passo mais ousado de todos.

A importância de Lumiose City

Escolher Lumiose City não é apenas uma decisão estética, mas narrativa. Desde sua introdução em Pokémon X/Y, a cidade simboliza modernidade, diversidade cultural e centralização de poder.

Transformá-la no único cenário de um jogo inteiro é também uma mensagem: Pokémon deixa o campo para viver o urbano, refletindo tendências reais da sociedade contemporânea.

O design de ruas largas, becos escondidos e arranha-céus interativos permite explorar a verticalidade e cria um palco perfeito para experimentação.

Essa guinada urbana pode marcar uma nova fase temática para a série Pokémon Legends: Z-A, que sempre esteve mais associada a viagens por rotas naturais do que a grandes metrópoles.

Experiência técnica e o papel do Switch 2

O lançamento simultâneo em Switch e Switch 2 também é estratégico. Segundo prévias técnicas, o jogo roda a 60 fps estáveis no novo console, com maior densidade visual e efeitos de iluminação avançados. A versão de Switch mantém 30 fps, mas com ajustes de resolução.

A Nintendo confirmou ainda um bundle especial de Switch 2 com Pokémon Legends: Z-A, fortalecendo a conexão histórica da franquia com o hardware da empresa. Assim como Pokémon Red & Blue ajudaram a alavancar o Game Boy, e Pokémon X/Y foram vitrine do 3DS, Z-A pode se tornar símbolo da chegada do Switch 2 ao mercado.

O impacto no mercado e as expectativas de vendas

A franquia Pokémon é um dos maiores ativos da Nintendo: mais de 480 milhões de cópias vendidas ao longo da história, além de bilionárias receitas com merchandising. Cada título principal é visto como catalisador de vendas de consoles, e não há razão para esperar algo diferente aqui.

Especialistas já projetam que Pokémon Legends: Z-A pode ultrapassar facilmente a marca de 20 milhões de unidades vendidas nos primeiros dois anos, especialmente se o Switch 2 tiver uma adoção rápida.

Além disso, o retorno das Mega-Evoluções e o novo sistema de combate devem reacender a comunidade competitiva, criando conteúdo constante para streamers e torneios.

O desafio de inovar sem perder a identidade

Apesar de todo o entusiasmo, o jogo enfrenta um desafio claro: equilibrar inovação com identidade. O combate em tempo real é novidade arriscada; fãs mais tradicionais podem estranhar a ausência de turnos clássicos.

Por outro lado, manter a estética cartunesca, o humor da franquia e a presença de mecânicas icônicas (como Poké Balls e Mega Stones) serve como fio condutor.

A Game Freak terá que acertar na dose: se exagerar na ação, pode alienar veteranos; se recuar demais, pode perder a chance de inovar.

Considerações finais

Pokémon Legends: Z-A é mais do que apenas o próximo capítulo da série — é uma tentativa de reinventar a fórmula. Ao combinar combate em tempo real, narrativa urbana, Mega-Evoluções dramáticas e lançamento junto ao Switch 2, o título se posiciona como divisor de águas.

Se der certo, pode inaugurar uma era de Pokémon mais ousado, experimental e alinhado com tendências modernas do mercado de jogos.

Contudo, se falhar, será lembrado como tentativa arriscada. De qualquer forma, seu impacto já está garantido: nunca se discutiu tanto o futuro da franquia como agora.

Leonardo Cavalcanti é jornalista e atua na cobertura de games, apostas online e tecnologias emergentes aplicadas ao entretenimento. Também fala sobre blockchain, criptoativos e inovação financeira. Com formação acadêmica em Jornalismo pelo Mackenzie e trajetória no jornalismo digital, conecta o público gamer a tendências globais.