Número de jovens adultos que compram consoles perde força para cloud gaming

Enquanto jovens adultos abandonam os consoles tradicionais, o cloud gaming desponta como a alternativa dominante.
Número de jovens adultos que compram consoles perde força para cloud gaming

Um novo sinal mostra uma transformação em curso no mercado de jogos. O número de jovens adultos comprando consoles está em queda, conforme revelou o analista Mat Piscatella.

Esse movimento, alinhado à crescente proibição do Roblox por países do Golfo, como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.

Além disso, o explosivo crescimento do cloud gaming impulsionado pelo streaming compõem um retrato multifacetado da indústria em um ponto de inflexão.

Portanto, o analista indica que o consumidor jovem está se afastando dos modelos tradicionais de hardware. Ou seja, ao mesmo tempo em que dispositivos fixos perdem espaço, novas formas de acesso crescem globalmente.

Motivos do recuo no consumo de consoles

No centro dessa mudança no mercado de games está o recuo no consumo de consoles por jovens adultos nos Estados Unidos.

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Em publicação na rede social BueSky, Piscatella observa que esse grupo demográfico vem priorizando jogos em plataformas mais acessíveis ou multitarefas como PCs e, especialmente, mobile, em detrimento dos videogames tradicionais.

O jogo mudou: número de jovens adultos que compram consoles perde força para cloud gaming
Imagem: Circana; Checkout

A combinação com crises econômicas, inflação e prioridades de consumo muda os hábitos e impõe que a indústria reinvente sua narrativa. Consoles já não são sinônimo de status ou imersão máxima.

A tendência indica que o mercado precisa ampliar horizontes ou perde relevância entre os mais conectados.

Essa migração natural de consumo aparece em paralelo à decisão de governos do Golfo de banir o Roblox. Plataforma que, apesar de ter forte pegada cultural e social entre jovens, esteve sob suspeita devido à possível exposição de menores e preocupações com conteúdo inadequado.

A Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos se juntaram a outros países do Golfo apontando preocupações de segurança e proteção infantil. Assim, instigam um debate sobre moderação, responsabilidade editorial e acesso digital.

O que significa para o mercado de games

Para os mercados de games, o episódio é alerta: mesmo produtos populares digitalmente devem equilibrar bem ética, regulação e alcance global.

Neste cenário emergente, o cloud gaming surge com toda força. Relatórios recentes projetam um crescimento acelerado, com taxa composta de crescimento anual (CAGR) estimada em até 27,2% nos próximos anos.

A força motriz é a Internet cada vez mais sólida (como o 5G), estratégias de assinatura escaláveis, modelo `hardware-agnostic` e penetração móvel massiva.

Desse modo, os usuários já não precisam de consoles ou PCs top de linha para jogar, basta uma conexão estável e um aparelho com performance mediana.

E esse modelo escalável demanda atenção de publishers, distribuidoras e estúdios que querem acessibilidade global.

Se juntar essas três peças, formam-se padrões que reorganizam o terreno. O consumidor jovem migra, as plataformas enfrentam regulamentação segmentada e o cloud gaming se impõe como alternativa expansiva.

Inclusive, muito por conta disso que jogos como Free Fire ganharam tração. A proposta de uma jogabilidade em uma ampla opção de aparelhos democratizou o acesso ao jogo, e permitiu a rápida expansão de participantes.

Serviços baseados em nuvem

Portanto, neste cenário o papel das marcas mais tradicionais muda. Criar um ecossistema, e não apenas hardware, será diferencial.

Jogos mobile

Para tal, as marcas necessitam investir em serviços baseados em nuvem, integração entre plataformas, suporte a dispositivos variados e modelos híbridos (freemium, assinatura, DLCs) já não são complementares: são essenciais.

Estúdios que insistirem em dependência forte de vendas de consoles correm o risco de perder território e visibilidade. Esse risco cresce mais ainda nessa geração que prioriza conveniência e economia, sem abrir mão da experiência.

Além disso, a vulnerabilidade do mercado diante de regulações locais é evidente. A queda do Roblox no Golfo não é isolada. Indica que plataformas globais precisam criar mecanismos robustos de moderação, diálogo e adaptação cultural.

O digital é expansivo, mas exige contextualização, principalmente quando pensam no público infantojuvenil, particularmente sensível à exposição e segurança.

Para investidores, reformular o modelo de valor imobilizado em hardware para um centrado em serviço parece ser o caminho mais seguro.

Cloud gaming transforma o jogo em fluxo. Isso acontece, segundo especialistas, principalmente por conta da receita recorrente, escala automatizada, barreiras reduzidas.

Além disso, a questão não é só monetização. O modelo agiliza e performa melhor nas questões de localização, latência, performance em rede e experiência integrada.

Quem já está avançando nesse caminho são os serviços mais disruptivos. Jogos como Fortnite ou Genshin Impact já avisavam, multi-delivery, atualizações pelo ar, economia de microtransações, eventos em tempo real.

O cloud gaming amplia essa lógica para qualquer título e a juventude empurra quem resiste para o passado.

Mais ainda, especialistas apontam que o equilíbrio entre estratégia global e sensibilidade local, especialmente em áreas como moderação e regulação, será determinante para garantir crescimento sustentável.

Leonardo Cavalcanti é jornalista e atua na cobertura de games, apostas online e tecnologias emergentes aplicadas ao entretenimento. Também fala sobre blockchain, criptoativos e inovação financeira. Com formação acadêmica em Jornalismo pelo Mackenzie e trajetória no jornalismo digital, conecta o público gamer a tendências globais.