StarsStarsStarsStarsStars

Review: Metal Gear Delta é remake sólido, mas com decisões questionáveis

O lançamento não é ruim. Embora também não seja um dos melhores remakes do mercado.

Com a exceção de Hollow Knight: Silksong, poucos jogos eram tão esperados por seus fãs este ano quanto Metal Gear Delta: Snake Eater.

E o resultado não é ruim. Embora também não seja um dos melhores remakes do mercado.

Metal Gear Solid Delta traz o que há de melhor no original com gráficos de última geração. É uma experiência do clássico de 2004 com uma jogabilidade modernizada e mais amigável às gerações mais novas.

Porém, não é tão interessante quanto os excelentes remakes da Capcom. Resident Evil 2 e Resident Evil 4 (vamos fingir que o 3 não aconteceu) realmente melhoram o material original. Isso não ocorre com Metal Gear Solid Delta.

No remake de Metal Gear Solid 3, os desenvolvedores da Konami optaram por uma abordagem mais conservadora. Talvez o peso mitológico do autor Hideo Kojima, responsável pelo original, tenha pesado.

Mexer em um jogo tão amado pelos fãs, criado por alguém que talvez seja o maior autor de jogos de todos os tempos, deve ser uma experiência aterrorizante. Em especial quando é cercado de tanta expectativa.

Expectativa por Metal Gear Solid Delta

Desde que as imagens dos pachinkos de Metal Gear Solid 3 se espalharam pela internet, há mais de dez anos, muitos fãs de Metal Gear praticamente imploram por um remake.

Quer saber como funcionam as casas de apostas em eSports? Gameshub tem um guia sobre o tema.

Metal Gear Solid 3 é um dos melhores jogos de todos os tempos. Mesmo que você deteste Metal Gear, se for fazer uma lista dos 100 melhores e mais influentes jogos da história, com certeza vai ter que colocar esse jogo. E no mínimo no top 20.

É em MGS3 que a pegada autoral de Hideo Kojima atinge um equilíbrio mágico com os jogos de ação populares. Uma ação hollywoodiana inspirada nos filmes do 007 misturada com muita bizarrice e um sistema de sobrevivência único.

Como funciona a jogabilidade

Espere tudo o que tinha no clássico de 2004. Ação furtiva tremendamente desafiadora? Temos. Lutas memoráveis com chefes esquisitíssimos? Temos. Cutscenes intermináveis? Também temos.

Metal Gear Delta

Delta lembra muito o remake de The Last of Us no sentido de ser ultra fiel ao original, só que com gráficos melhores. A diferença é que como Metal Gear Solid 3 é um jogo do Playstation 2, ou seja, de três gerações e 21 anos atrás, algumas adaptações tiveram que ser feitas na jogabilidade.

Agora é possível atirar e mirar com alguma precisão em terceira pessoa. Mesmo assim, para atingir inimigos na cabeça muitas vezes eu preferi colocar a mira em primeira pessoa para ter ainda mais controle.

Inclusive, dá para andar em primeira pessoa. É possível experimental Metal Gear quase como se fosse um FPS (jogo de tiro em primeira pessoa).

No ‘Estilo Novo’ (que escolhi para jogar porque já finalizei o MGS3 original pelo menos umas seis vezes) a mira é com o gatilho esquerdo e o tiro com gatilho direito.

Jogando no Playstation 5, o botão de ação é o X e não mais o triângulo, e as rodas de armas são acessadas nos D-Pads para esquerda e direita. É um mapa de controle bem mais intuitivo do que o do jogo original. Ponto para o remake.

Os problemas começam quando a fidelidade ao original com melhorias pontuais nem sempre funciona.

Input lag e mais problemas

Jogando no modo Extreme, eu tive sérios problemas de input lag. Diversas vezes na batalha contra o ‘The Pain’, que foi dificultada nesta versão, o Snake demorava demais para mergulhar, algo que me fazia tomar dano das vespas.

Acontece que o prompt de algumas ações pontuais, como escalar uma pedra ou mergulhar nem sempre aparecem no momento certo. Isso pode se tornar um pesadelo para os que buscam terminar o jogo com a classificação Fox Hound.

Esses problemas de bugs e mau acabamento podem ser resolvidos em atualizações, mas há decisões estéticas e criativas que também me incomodam.

A engine gráfica escolhida foi a Unreal 5. E é um motor bonito, só que muitas coisas criadas com ela ficam estranhas, dependendo do game, como aqueles vídeos de IA mais antigos.

No começo do jogo eu senti muito isso nas cutscenes. Como cada movimentação dos personagens foi copiada e colada direto da era do PS2 para esta nova versão, os gráficos fotorrealistas fizeram a coisa parecer bizarra.

Talvez fosse necessário regravar a captura de movimento de algumas cenas. Ou melhorar a direção de arte. Nas comunidades de fãs de Metal Gear no Reddit e no Discord muita gente questionou a retirada do filtro de luz branca estourada na cena do cemitério no final, por exemplo.

As vozes foram regravadas e algumas conversas foram atualizadas. Isso funcionou bem, então não faz sentido manter alguns movimentos de PS2. Nem trocar a direção de arte meticulosamente pensada pelo Kojima só para abraçar imagens mais coloridas.

Fidelidade exagerada?

Também é muito estranho em pleno 2025 termos telas de carregamento entre cada parte do cenário.

Death Stranding 2 é um jogo de mundo aberto com zero telas de carregamento praticamente. Então por que um jogo linear, com segmentos em que o mapa parece um túnel no qual você só pode ir para a frente precisa de telas de carregamento?

A justificativa da Konami foi que a ideia era manter a fidelidade com o original. Parece que a maioria das escolhas foram feitas assim, mas é importante questionar se isso é necessário.

Do ponto de vista artístico, uma nova obra sempre tem que trazer algo de original. Para quem não se lembra, o remake de Psicose feito por Gus Van Sant nos anos 90 foi um experimento assim.

Van Sant recriou quadro a quadro a cores e com tecnologia mais nova o clássico de Hitchcock. O resultado foi uma enxurrada de críticas negativas.

Cinema e videogame obviamente são mídias distintas, só que estamos falando de Metal Gear. Hideo Kojima foi o principal responsável por aproximar os games da sétima arte, então é difícil enxergá-lo aprovando um remake assim.

Kojima inclusive já disse que não jogará Metal Gear Solid Delta e está interessado em coisas novas.

Dá para aproveitar?

Quem não conhece um Metal Gear provavelmente vai estranhar as cutscenes intermináveis e as idiossincrasias do jogo, porém vai aproveitar a ação. Eu pessoalmente adorei revisitar em alta definição alguns momentos que moldaram minha vida gamer, como a batalha com o ‘The End’ ou a escada gigantesca.

Não é, enquanto remake, tão interessante quanto os Resident Evil da Capcom ou até como o Silent Hill 2, que também é da Konami (embora desenvolvido pela Bloober Team). Todavia, é uma experiência interessante para os fãs de longa data ou novatos na série.

A parte das montanhas e alguns segmentos de florestas ficaram particularmente bonitos no remake. E nem precisamos falar da história e de tudo aquilo que sempre tornou Metal Gear Solid tão especial.

Prós e Contras

PrósContras
Fidelidade aos bons momentos do original.Problemas de input lag.
Jogabilidade melhorada.Movimentação esquisita em alguns momentos.
A jogabilidade em ‘estado de fluxo’ é relaxante e emocionante.Há muito poucos desafios e os quebra-cabeças são muito simples.
Forma de jogar Metal Gear Solid 3 com legendas em português.Pouca originalidade.

Repórter do Gameshub, sou formado em jornalismo pela USP e também escrevo para o 99Bitcoins. Minha vida gamer começou com um Atari e passou por um Mega Drive e todas as gerações do Playstation. Fã nº 1 do Hideo Kojima e entusiasta de RPGs.